segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ARQUIPÉLAGO ECONÔMICO


BRASIL: DO ARQUIPÉLAGO AO CONTINENTE E ESPAÇOS EXTROVERTIDOS

Nos mapas “Brasil: a economia e o território”, identificamos em relação às atividades econômicas, no território brasileiro, uma organização em “coágulos”, ou seja, em “ilhas” ou “arquipélagos” econômicos, com um traçado das estradas, rodovias e ferrovias concentradas próximas ao litoral e com pouca penetração no interior do território. O funcionamento da economia colonial ocorreu de acordo com a lógica do comércio triangular atlântico, submetida ao monopólio mercantil e controle metropolitano. No caso do Brasil, isso fez com que, no Período Colonial, as cidades tenham se concentrado na franja costeira com adensamentos em algumas áreas como o  Recôncavo das Baía de Todos os Santos e o da Guanabara e em estuários e baixadas costeiras, como é o exemplo da Santista. A mineração de metais e pedras preciosas foi responsável pela interiorização do fato urbano nas Minas Gerais e Goiás; a extração das drogas do sertão (determinadas especiarias, como cacaucanela,baunilhacravocastanha e guaraná, extraídas do chamado sertão brasileiro na época das entradas e das bandeiras), por sua vez, promoveu esporádico assentamento urbano na Bacia Amazônica e no Golfão Maranhense. O avanço do complexo cafeeiro paulista, no século XIX e início do XX, foi o principal motor do processo de interiorização do crescimento urbano, que avançou pelo Planalto Paulista ao longo do traçado das ferrovias, que escoavam o café para o porto de Santos.
A conquista e domínio territoriais sintetizam a essência da colônia e podem ser consideradas um traço comum na maioria dos processos coloniais de exploração (envolvendo, inclusive, o uso da violência). No período inicial da colonização, os europeus apropriaram-se de uma natureza e de territórios já humanizados, em maior ou menor grau, por povos que viviam no que viria a ser o atual território brasileiro. Desse modo, é justo afirmar que o “Brasil indígena antecede o Brasil lusitano e o Brasil contemporâneo”.
A DIT - divisão internacional do trabalho, de modo simplificado, é a divisão do trabalho ou da produção, imposta pelos países colonizadores (metrópoles) às suas colônias, cabendo a estas o fornecimento de produtos primários e a compra de produtos manufaturados e industriais na interdependência econômica estabelecida com aqueles. A acumulação primitiva de capital trata-se do processo de acumulação de riquezas ocorrido na Europa, entre os séculos XVI e XVIII, que possibilitou grandes transformações econômicas ocorridas com a primeira Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX).
Espaços extrovertidos são espaços geográficos produzidos e organizados para atender o mercado externo, e segundo a lógica da DIT. Exemplos: espaço da agroindústria da cana-de-açúcar, espaço da mineração, espaço do café, etc.
O termo “arquipélago econômico” expressa a falta de integração entre as economias regionais que se constituíram como espaços relativamente autônomos de produção e consumo, guardando relações mais estreitas com os mercados externos do que entre si. Vale esclarecer que a expressão se aplica à economia e à configuração geoeconômica do território brasileiro no início do século XX, marcadas pela fragmentação em “ilhas” regionais, em grande parte resultantes da economia colonial.


2 comentários:

  1. Porque o brasil indigena antecede o brasil lusitano?

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  2. Qual as características dos arquipélagos econômicos do Brasil ate no final do século XIX

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